resistência (I)
martelos coaxam nas nuvens
entre toda a cavalaria persa
e dois mil soldados americanos
em nossos olhos, apenas o pó
nos corações, os girassóis resistem.
resistência (II)
oprimidos do tempo do agora,
não desperdicemos nosso suor!
não avancemos auroras para ver uma glória que não virá neste dia
tenhamos serenidade e sabedoria para preparar o amanhã resistamos!
não pensemos
que, em vão, nossos filhos se encantam com o nada e nos apartamos por tempos infinitos
em vão lapidamos diversas solidões.
pensemos que o caminho é certo
e que onde quer que estejamos, somos uma só força
pulsante!
as máquinas aglomeram histórias
e um homem apodrece na esquina
uma torrente de senhoras maldizem três gerações e rezam
a fome é como dez mil cadeados para uma só tranca
não faz sentido
camaradas,
hoje aflorou na América o mais amarelo amanhã sejamos nós!
é chegada a hora de empunhar os sóis
dos nossos corações
e num gesto terno fazer a luz do nosso tempo
estamos no caminho certo.
resistamos!
Fotografia: Ana Paula Rabelo